João Paulo Sperandio Rosa é jovem e trabalha com moda. Tem sua marca LONA que é focada na alfaiataria. Nada de bermuda de surfista, moda praia e outros típicos quesitos da moda carioca, hoje tão combalida. Filho do empresário Paulo Rosa, um dos grandes nomes da industria fonográfica do país e da modelo manequim (topmodel) e hoje produtora de moda Jackie Sperandio. O surfe tá na alma do rpaz, mas a moda tomou conta da sua vida e JP tem evoluído sistematicamente com sua marca. porque a LONA é feita assim passo a passo tudo bem pensado e trabalhado com muito afinco. 

Fizemos algumas perguntas e João Paulo respondeu com uma segurança de quem sabe o que faz e onde quer chegar.  O instagram da marca é @lonaestudio vale conferir e pode comprar no site. 

  1) Como surgiu essa vocação para moda?

Meu interesse pela moda começou por volta dos 15 anos, naquele momento em que a gente começa a se questionar sobre quem você é, aonde você se encaixa, qual imagem você quer passar. Esse processo me fez crescer observando e analisando o modo como a moda acontecia a minha volta. Eu sempre tive dificuldade para encontrar roupas com as quais eu me identificasse, acho que isso também contribuiu para eu estar sempre pensando em como seria ter minha própria marca, que tipo de roupas eu criaria. Acabei me imaginando tanto nesse cenário que fui me motivando a trabalhar com isso.

2) Qual o processo dentro da moda te interessa mais?

O desenvolvimento de uma peça de vestuário é um processo que me interessa bastante. Acho fascinante pensar que, a partir de retas e curvas desenha-se moldes de papel, que vão servir de guia para cortar pedaços de tecidos que, unidos a partir de costuras, formarão uma peça de roupa. Quando pensamos dessa maneira simplista, percebemos a complexidade que está por trás da confecção de uma roupa. É fundamental que a gente valorize cada uma dessas etapas e cada um dos profissionais por trás delas.

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3) Hoje se fala muito em branding qual a importância para você no seu processo?

O branding é, de fato, um componente importantíssimo da moda. Tão importante que atualmente, na LONA, estamos trabalhando com uma consultoria de branding e imagem para que a gente consiga construir uma identidade de marca coerente e bem estruturada. Considero fundamental ter o respaldo de profissionais com conhecimento de branding, tendo em vista que é uma competência que foge à minha formação de designer de moda. A verdade é que de nada adianta você se esforçar para entregar um produto de valor e qualidade sem conseguir comunicar isso de uma maneira convincente para o seu público.

4) Hoje a moda requer muito investimento financeiro como o pequeno empreendedor se adéqua ao mercado?

Esse é um desafio diário. Ter um orçamento baixo limita bastante as possibilidades de um empreendedor de moda. Desde o acesso a fornecedores de matéria-prima e mão-de-obra qualificada a conseguir produzir uma imagem de moda significante. Acredito que cada empreendedor vai encontrar suas próprias soluções pra enfrentar essas limitações. 

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5) A moda e a arte caminham juntas para você?

Moda e arte são respostas ao nosso cotidiano. Acredito que ambos estão interligados, assim como estão ligados a tudo que acontece à nossa volta. Mas acho que vale deixar claro que eu não me considero um artista por ser um estilista, me considero um designer de moda. Mesmo com o trabalho de criação por trás das nossas roupas, elas são desenvolvidas com um objetivo comercial. Quando estamos empreendendo, estamos lidando com dinheiro. Uma marca não sobrevive se não vender e se não tiver um modelo de negócios adequado. Por isso considero um trabalho mais próximo do design, pois é uma criação feita a partir de parâmetros comerciais.

6) Você acredita em tendência qual é que você persegue?

Acredito em tendência, mas não no sentido de seguir algum comportamento por ser uma tendência. Vejo a tendência como um fenômeno mais subjetivo. Vivemos em um mundo interligado, onde todo mundo está por dentro de tudo que acontece em todos lugares. Compartilhamos de mesmos gostos, mesmas referências, seguimos as mesmas marcas, os mesmos artistas. Mesmo que uma pessoa não esteja pesquisando conscientemente as tendências que estão por ai, ela vai sempre estar consumindo informações que a influenciarão de alguma maneira. Como se fossem correntezas de rios que vão te absorvendo conforme você vai tendo contato com elas.

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7) Suas referencias fale sobre elas?

Eu tento buscar minhas referências no meu dia-a-dia. Minhas ideias nascem muito a partir de insights que tenho andando na rua e observando as pessoas. Gosto de buscar minhas inspirações de uma maneira mais orgânica, deixando a “referência” saltar aos meus olhos de maneira mais espontânea. Mesmo que eu acompanhe o trabalho das grandes marcas tento não me apegar a nenhuma referência específica. Mesmo assim considero fundamental acompanhar o que está sendo feito na moda de uma maneira geral. Mais do que prestar atenção no que as outras marcas estão fazendo, é importante entendermos como elas estão fazendo.

8) O verão esta aí o que vocês criaram para essa temporada?

Para o verão estamos trazendo uma linha de peças de malha. Criamos a nossa leitura das peças básicas do dia-a-dia, como t-shirt e blusa polo. Nossa ideia foi repensar as modelagens desses modelos clássicos, que costumam ser feitos em um formato padrão e que raramente é desconstruído. Desenhamos peças amplas e desprendidas dos contornos do corpo que, ao mesmo tempo que são confortáveis e despojadas, trazem elementos clássicos como uma gola de camisaria, botões tartaruga e a bainha da manga virada para fora. Nossas peças de tecido plano seguem esse mesmo conceito e são todas feitas em tecido 100% algodão e de baixa gramatura, o que contribui para o conforto de quem as veste. 

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9) Como é o processo de criação de vocês?

Eu e minha sócia estamos sempre trocando a respeito de ideias para próximas coleções, é um trabalho constante. Podemos dizer que a LONA é uma interseção entre eu e ela, criamos tudo em conjunto. 

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João Paulo