Engraçado, eu sempre me pergunto o que eu vejo quando conheço alguém. Quem ela me repete, qual seria sua persona. Quem no fundo está tentando se libertar da nossa consciência. Artistas tentam mais profundamente e eu consigo enxergar neles o que vejo.Tanto no seus trabalhos como na própria imagem. Levantar o véu. Mostrar a cara. É sobre isso que vou tentar fazer aqui. nessa dias de quarentena. 

Abstratos me fascinam por não serem óbvios nas suas propostas. Quando eu conheci Daniel Feingold, ele era só uma miragem. Alguém no mundo das artes, não era muito meu mundo e só sentia através dele o impacto da música Space Oddity, de David Bowie vindo na minha direção de frente. Seven, six, sive, fou… lift off. Era só isso que eu conseguia sentir.

Claro, que os mundos colidem e eu fiquei fã das linhas e cores, volumes cromáticos de seu trabalho.  Mas, aquela cara de Major Tom ainda tá lá.

Mandei umas perguntas para ele e troquei mensagens com pessoas que o conhecem bem e ficamos assim. Mas, antes vamos a uma pequena apresentação da galerista Raquel Arnaud que o representa em São Paulo há alguns anos.  

-Conheci o Daniel em 1993 quando o convidei para fazer parte do quadro de artistas representados pela minha galeria. Ainda em 1993 Daniel recebeu uma bolsa de mestrado em pintura para o Pratt Institute de Nova York onde dedicou-se a pintura, trabalhos em papel e pesquisas fotográficas. 

Na sua trajetória  tornaram relevantes suas pinturas abstratas com pinceladas escorridas que pratica até hoje. Seus trabalhos em papel e fotografias também são altamente apreciados

Daniel Feingold – WORKS

O que você faria se não pintasse? -Se não pintasse me dedicaria a outra forma de arte ou ainda, voltaria a fabricar pranchas de surf.

O surf sim a paixão dos waterman e Daniel Feingold para curadora nossa querida Vanda Klabin, que trabalhou com nosso entrevistado inúmeras vezes, é um obcecado pintor por natureza que navega por densos mares de marés tempestuosas..

-Daniel tem um firme senso de direção, apesar de  lidar com o fluxo do imprevisível pelo deslizamento da matéria viscosa da tinta, despejada na superfície  da tela, sempre à deriva, que  flutua livremente  e adere ao plano da tela com múltiplas direções, obstruções, áreas de suspensão e intervalos luminosos, quase como uma fenda na interpretação do mundo  uma intensa articulação de diferentes linhas e cores que se traduzem por um fraseado sincopado e rítmico, pela emergência de uma estrutura de tramas, faturas em camadas e superposições de planos que trazem em si uma perturbadora espacialidade.

Você já trabalhou com alguma outra forma de arte. Cinema, teatro, musica?

-Sim, tenho alguma experiência com o teatro, já me graduei como ator e já participei de montagens profissionais.

Daniel Feingold – WORKS

O que é novo para você?

-Novo para mim nada, porém, sempre confio no corte epistemológico.

 Daniel não vê novidades além do front, e como dizia o poeta nesse “museu de grandes novidades” vamos às referências de Daniel Feingold

 Você tem referencias em outros artistas ou movimentos artísticos no seu trabalho?

Não sei se no meu trabalho, mas, me importa muito:  Fra Angelico, Piero de la Francesca, Michelangelo, Ticiano, Paladio, Brunelesque, El Greco, Cezanne, Matisse, Picasso, Braque, Construtivismo Russo, Mondrian, Albers, Grupo Ruptura, Grupo Frente, Ferreira Gullar,  Neoconcretismo, Barnet Newman, Pollock, Minimalismo Americano, Dia Foundation, Brice Marden, Richard Serra, Elsworth Kelly, Peter Halley e outros.

Daniel Feingold – WORKS

A arte contemporânea e você como é essa relação?

Não sei o que é arte contemporânea, procuro sempre aquilo que desperta minha curiosidade. Acredito na vocação intrínseca em uma lógica dos sentidos.

Você é disciplinado no trabalho?

Extremamente disciplinado dentro do trabalho .

Aqui onde é indefinido, a abstração para mim, Barão Rony Müller  que a figura deixa de fazer sentido e eu procuro enxergar as paisagens cromáticas no que a abstração me emociona. Perguntei para o Daniel Feingold, sobre as abstrações para onde elas nos transportam.

O abstrato é uma investigação? Você vê temperaturas e volumes na sua pintura?

Abstração é uma forma de pensar plasticamente. Vejo volumes planos e busco planos cromáticos, os dois no sentido de gerar relação interespacial.

O que te inspira? Você tem referencias em outros artistas ou movimentos artísticos no seu trabalho?

Inspiração só no Yoga. Não acredito em inspiração para o trabalho.

“As cores são planos cromáticos. Linhas e cores definem, rebatem, entrelaçam, desdobram planos em meu raciocínio plástico”.

“As abstrações só assim as são quando ocorrem na verdade de seu aparecimento. São um vir a ser, um rapto, como em qualquer forma de arte”.

 

Fotos Divulgação

Daniel Feingold – WORKS
Daniel Feingold – WORKS
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Daniel Feingold – WORKS
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Daniel Feingold –
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